07/02/2012 - Finalmente, depois de tanto tempo de espera e muita angústia eu iria colocar um ponto final e virar a página. Horas antes da cirurgia oscilava de humor a cada segundo, se desse para medir como os batimentos cardíacos com certeza daria um belo humorgrama.
Minha cirurgia estava programa para as sete da manhã do dia seguinte com duração média de 3 a 5 horas. A incisão seria em formato de L , começando a três dedos para baixo do pescoço, como em uma cirurgia cardíaca, e continuando a esquerda, passando por de baixo da linha da mama. Fazendo um revolver com os dedos dá pra se ter uma noção do formato da cicatriz.
Tive um dia tranquilo, tratei de ocupar minha cabeça com outras coisas, apesar de ter recebido muitas ligações e mensagens não me deixando esquecer que amanhã seria o grande dia. Se hora minha vontade era de sair correndo, de fugir, também tive momentos em que exibia a coragem e a determinação de um touro, como se nada pudesse me atingir.
Tive medo, pânico, tudo ao mesmo tempo em que uma onda de pensamentos positivos me invadia, fazendo lembrar que aquilo seria para o meu bem, por mais cruel que parecesse. A essa altura do campeonato eu já havia restaurado toda a fé que eu tinha perdido com tanto desespero.
No silêncio do meu quarto fiz uma última oração antes de dormir. Agaixada em sinal de respeito pedi ao Médico dos médicos que me operasse. Pedi perdão pela raiva que me tomou a fé, por ter negado a cruz que me foi dada. No intimo profetizei minha própria cura, jurei me fazer forte o suficiente para levantar daquele leito e me permitir capaz de dar este testemunho.
Assim se fez.
A noite foi cruel. Estava perto o bastante da guerra para desistir. A vontade com que pedi minha benção abalou todas as minhas estruturas. Me senti fraca, como se toda coragem que alimentei durante dias tivesse desmoronado, estava em pedaços, levaria tempo para junta-los. Sempre fico vulneravel depois de entrar em comunhão com minha crença.
Não estava mais suportando o meu próprio silêncio, busquei aquele que carinhosamente chamo de Anjo. Me fez tranquila. Precisava de alguém para me lembrar que aquilo não é nada. Fiz deste o meu porto seguro, mal sabia que aquela seria o primeiro de muitos outros pedidos de socorro. O Anjo que me fora designado pelas própria mãos divina, é como o sinto. Um presente.
Só mais uma fase, mentalizava, como se a vida tivesse me dado uma segunda chance! Fazer diferente, ser diferente, porquê não? Esquece, muito utópico. O medo ainda me tirava o ar.
Dez da noite toca o telefone. Não poderia ser para outra pessoa, mas para minha surpresa quem estava do outro lado da linha era um senhor que por genética chamo de pai.
- Liguei porque sua mãe me pediu. Boa sorte amanha!
Foi o suficiente para sentir o peso da armadura que eu acabara de vestir. Fui traída.
Sempre tive a falsa ideia de que os pais são biologicamente programados para amar seus filhos, mas isso caiu por terra na mesmo momento que ouvi tão duras palavras. Meu próprio pai, um covarde.
Chorei tudo que deveria e que poderia até adormecer por falta de força.
Amiga seu blog é mesmo viciante! Parabéns pela coragem de expor sua vida pessoal em público. Fico impressionado com a força que você tem para enfrentar essa situação. Você é mesmo guerreira! Me dá orgulho de ler isso aqui. Continue escrevendo pra gente, mesmo eu estando longe poderei acompanhar sempre como vc está!! Estamos juntos nessa luta! Força hoje e sempre! Um beijo, Gui
ResponderExcluirou estarei sempre torcendo por voce ;) voce manda muito bem em muitas coisas mas pra escrita sempre foi admiravel desde aquela peça de semana moderna do svp
ResponderExcluirVc tbm tem um pai deprimente?? Eu sempre achei que amor de pai a gente teria pra vida toda e a presença sempre mais forte nos momentos mais importantes. Duro ouvir o q vc ouviu do seu pai. Creio que seu padrasto, a quem vc chama de pai, deve ter ficado indignado com a atitude dele nesse momento tao dificil na sua vida!
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