Mala feita, caminho da roça.
A viagem é longa, mas nada de pressa, vamos parando em tudo que é posto. Aquele balanço todo me torturava, por precaução fui no banco da frente, o mais confortável possível. Sinceramente minha vontade de pegar a estrada estava quase negativa.
Só teria o resultado da biopsia dia 10, até lá não importa onde eu estivesse, nem com quem, eu ia ficar pensando nisso. E bem, aos 19 anos já tinha vivido muita coisa, aquela historia de minha vida daria um livro é bobagem, a minha estava mais pra trilogia.
Aprendi que quando se espera o pior, e o pior acontece, sofremos menos. Não que eu não sigo os adeptos do pensamento positivo, acho isso muito valido e real, mas naquele momento eu me armei para o pior, tenho tendência a sofrer por antecipação.
A ideia da viagem foi pra ver se o tempo passava mais rápido, pra eu me distrair. Que tolice! Não sabe que tudo que é bucólico se perde no tempo? Ou talvez seja a correria da cidade cinza que distorce tudo... Não sei! Não importava, minha cabeça estava ocupada traçando todas as possibilidade que tinha pela frente, mais ou menos como joguinho de ligue os pontos.
Ter sua vida determinada por um exame é frustrante. Quase sempre tive controle das coisas, ao menos tinha opçoes. Dessa vez não.
Noite de ano novo, todo mundo se arrumando, fomos a cidade ver os fogos. Sai do banho e fui pro quarto me aprontar. Minha mãe me comprou um vestido branco, de rendas, ficou perfeito! Se não fosse por um detalhe, eu não tinha o que celebrar!
Sentada ainda de toalha passou um filme na minha cabeça, 2011 foi um ano muito bom, mas o que estava por vim eu não tinha ideia de como seria. Se estava começando assim, coisa boa eu não podia esperar. Estava me sentindo péssima, sentia as lagrimas molhando ainda mais minha toalha quando minha mãe entrou no quarto me apressando. Não tinha a mínima vontade de levantar. Aos mesmo tempo que me sentia culpada por causar aquela situação na véspera de ano novo, não tinha força nem mesmo pra fingir um sorriso. Ouvi muitos votos de fé, mas não sabia onde buscar.
Perdizes tem uma estatua do Cristo, era de lá que vinhas os fogos. Onde passei minha infância, todo ano tinha o campeonato de fogos de artificio, jogos de luzes desaparecendo no ar sempre tem um gostinho especial.
Contagem regressiva, um último fôlego pro ano que se encerra e vamos aos abraços.
Aqueles dias em Minas foi bom, apesar de não ter me aliviado em nada.
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