quarta-feira, 18 de julho de 2012

O diagnóstico

13/01/2012 - Receio que esta postagem seja a mais delicada de todas. Receber este tipo de diagnóstico é quase tão duro quanto perder alguém. No instante em que se ouvi  as palavras maligno e câncer, uma parte de você se afoga em desespero. Como disse, é um suicídio fictício.
Para ser sincera, não me lembro com detalhes daquela consulta. Só sei que foram muitos intervalos, entre palavras de conforto e planejamento. Desejei do fundo do meu coração poder sair correndo, eu precisava de espaço, tempo e ar para voltar ao plumo.
Benoit tentou explicar da melhor forma possível, mas depois de confirmar que realmente era um timoma maligno, assim como suspeitara, não ouvi mais nada. Havia perdido o chão, os sentidos, tudo... Me sentia traída por aquele que se diz bom, a ovelha fora do rebanho.
Na cadeira ao lado, mais uma vez, minha mãe por mais armada que estivesse também não conteve a dor do fardo que acabamos de receber. Não tenho filhos, mas acredito que não deve ser nada fácil para uma mãe ter um filho nessa condição. Pra quem se já se desesperou com um choro de cólica, imagina como não reage diante de um câncer...
Lembro-me de ouvir algo sobre radioterapia, quimioterapia e principalmente sobre cirurgia.  Dessa eu não escaparia. Já tratamos logo da parte burocrática e a agendamos para o mês seguinte. 
Agradeci a atenção e recebi um abraço de coragem. Voltaria na semana seguinte.
Corredor a fora, no momento que chegamos ao elevador comecei a dar sinal de choro, mas não poderia fazê-lo ali. Em publico não. Esperei chegar ao nosso bom e velho café.
Mais uma vez me retirei da mesa, não tinha assunto. Até mesmo meu pai, o cara das palavras de conforto estava calado. Fui chorar...
Amparada pela parede, me vi totalmente descontrolada em lagrimas. Sentia uma raiva que nem mesmo quebrar pratos resolveria, e uma tristeza que até fez o tempo fechar. Não tinha onde me apoiar, colo nenhum resolveria, e qualquer palavra de conforto doía como estacas cravadas no peito. Chorei a ponto de perder os sentidos, de prender a respiração, até cair sentada de tão tremula.
De cabeça baixa e totalmente desiludida senti as mãos quentes de minha mãe, limpou as minhas lagrimas e me levantou como quem dá a mão a um ferido em batalha. Fiz de suas pernas as minhas.
Fomos pra casa...

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