segunda-feira, 16 de julho de 2012

Respira e prende!

Depois de um café da manha não muito agradável, o bonitão do Benoit deu as caras.
- Bom dia! Como passou a noite?
O meu sorriso forçado denunciou tudo. Tive uma péssima noite, não teve santo que me ajudasse a achar uma posição pra dormir. Acabei pegando no sono sentada, o que me rendeu uma dor nas costas, como se as que eu já estava sentindo não fossem suficientes para me tirar o humor.
Me pediu pra ver o curativo, eu mesma ainda não havia visto. Depois de tirar um monte de esparadrapo, quase me arrancando o coro, vi o tamanho do corte. Estava vermelho e inchado, menor que imaginei, devo confessar, mas ainda sim grande o suficiente pra me ferir a vaidade. Algo em torno de 10 centímetros, o mais aterrorizante era ver o dreno saindo dali. Que coisa mais esquisita, com ponto de linha preta, nada agradável. Para o meu alivio não ia ter que passar mais uma noite com aquilo, no final da tarde voltaria pra me libertar e no dia seguinte, alta.
De longe a coisa que mais aborrecia naquele hospital era a comida, como que alguém melhora comendo uma comida tão mal temperada, isso é, quando tinha tempero! Ainda bem que minha dieta estava liberada, tratei logo de traçar um Big Mac. Ainda sim lembrei do bandejão de Rio Claro, descobri que tem coisa bem pior. Maldade.
Entra o francês com uma bandeja cheia de materiais, hora da libertação. Me arranca mais um pouco de pele tirando os adesivos, corta as linhas que costurava minha pele prendendo o dreno e vamos pros finalmente.
- Respira, respira, respira, prende!
Cacete! Me perdoe a falta de modos. A dor foi mais que aguda, pude senti-la no âmago. Deve ter me arrancado parte da alma junto com aquela mangueira. Respira aqui e ali e tudo parece ter voltado pro seu devido lugar.
Só mais um noite e teria minha alta. Já estava mais contente, ou melhor, conformada com aquela situação. A noite foi bem mais agradável e tranquila. Dormi bem até.
Dia seguinte foi pura expectativa, não via a hora de voltar pra casa, minha cama nunca me pareceu tão aconchegante! Recebi minha alta de tardezinha, coisa boa ver a rua, nem to transito reclamei!
Chegando em casa foi só festa, recebida com toda poupa e circunstância!
Agora é esperar, alias, aprender a esperar. Minha biópsia só sairia no ano seguinte, depois das festas. Apesar de estar em casa ainda me sentia um tanto debilitada, aquele corte não me dava folga, latejava o tempo todo, desejei não ter peitos ou quem fossem bem menores. Resolvemos passar a virada de ano nas minas de ouro das montas gerais.
Uma má ideia ?



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