quinta-feira, 12 de julho de 2012

Nem chão, nem fé, nem nada.

Vi meu maior fantasma tomando forma, se tornando real. 
Desde que me entendo por gente sempre tive medo de doença. Não todas, mas dessas que vovó me fazia bater a mão na boca, dessas que não podiam ser mencionadas pra não atrair. 
Câncer é uma delas.  
Engraçado, é o meu signo. Tolice. 
O tal do Dr. era um meninote. Calmo, mas firme. Falava como quem pisava em ovos, cautela pouca é besteira. 
Aos poucos recuperamos o chão. Aquela consulta era valiosa para ser desperdiçada com choro e vela. Depois faço isso. Em casa. Onde pitanga nenhuma é drama. 
Nada de carro na frente dos bois. Próximo passo biopsar para ai sim saber que direção seguir.
Tudo encaminhado, fazendo isso em 10 dias teria a minha sentença. 
A volta pra casa nunca foi tão ríspida. Antes disso uma passadinha rápida no Fran's Café. Garganta seca, precisávamos de algo que fizesse aquilo descer goela a baixo. 
Que idéia infeliz! Bateu no estomago que nem ácido. 
- Uma média bacanizada e um pão de queijo por favor! 
Enquanto ouvia os votos de esperança do meu pai e os pedidos de proteção as divindades de minha mãe, senti o peso do mundo. 
Pedi licença, fui tomar um ar. Ar? Não tinha ar! Nem chão, nem fé, nem nada. 
O mundo não me pareceu justo, e mesmo que fosse, não era a meu favor. 
Aqui se encerra a minha temporada das flores. 
Chorei, bati o pé. Não! Não quero, não pode! Tudo não, não, não... 
Que droga! Eu tenho 19 anos!
Tenho uma vida para colocar no trilho certo, não tenho tempo pra ficar doente.
Havia traçado um plano, pretendia segui-lo. Volto de Londres, tiro minha habilitação, começo uma nova faculdade... Tudo novo! Mas tudo perdido... 

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