terça-feira, 31 de julho de 2012

Primeiras visitas....

A cirurgia estava programada para durar de três a cinco horas no máximo, durante todo esse tempo eu estaria no mais profundo sono e os meu queridos vivendo momentos de agonia.
Aconteceu que passamos das cinco horas, meu tumor estava grande e comprometeu mais que o esperado. Além da massa, foi retirado músculos, nervos e uma parte do pulmão esquerdo totalizando quase um kilo de massa. O que me custou um fôlego limitado e uma perda parcial de sensibilidade da mama esquerda. Confesso que isso ainda me incomoda muito.
Acabou que fiquei na mesa de cirurgia pouco mais de sete horas, quase oito. Piorando o nervoso dos meus pais e de muitos amigos que depois vieram me contar como foram as horas de espera. Eu, como previsível, não lembro de nada.
Mamãe disse que em um momento de desespero, sem noticias e passado a hora de eu sair do CC, meu pai tentou invadir o corredor que dá acesso as salas de cirurgia, a procura de qualquer noticia que pudesse tranquilizar todos que ligavam a procurando saber como estavam as coisas.
Sai do centro cirúrgico fui direto para UTI, passaria ali 3 noites por segurança. A cirurgia foi muito invasiva, fiquei extremamente debilitada. Além de tirar partes importantes, tive a caixa torácica serrada, sendo depois "costurada" com fios de aço, fazendo com que eu tenha dores de perder o sentido.
Hora da visita, na unidade intensiva do hospital se pode visitar os pacientes somente duas vezes ao dia, uma vez depois do almoço e outra vez de noite, algo assim.
A hora que comecei a despertar da anestesia foi um dos momentos mais nostálgicos que já vivi. Não lembro muito bem, estava sob o efeito de muitas drogas, mas foi uma sensação de felicidade plena. Lembro de fechar os olhos e agradecer a vida por estar ali, por te mais um chance. Eu nasci de novo. Senti uma lagrima escorrer, estava em fogos.
Passados alguns minutos acordo com a voz firme do meu pai já fazendo piada, minha mãe muito emocionada e em lagrimas me deu um beijo carinhoso na testa e um "Oi filha" que codificava todos os sentimentos do mundo, alivio, felicidade, preocupação ....
Como disse, minha memoria me trai por conta dos remédios, mas lembro de chamar por duas pessoas que são como pilares em minha vida, cada uma a seu modo, mas vitais para a minha caminhada: Amanda e o meu Anjo.
Adormeci mais uma vez, sonolenta que só eu ia e voltada. Perdi completamente a noção de hora. Até acordar com o calor das mãos do Anjo, quase não contive as lagrimas, ver o sorriso da minha parceira então... mais um turbilhão de emoções tomou conta de tudo ali.
Foi ai que eu me dei conta de uma coisa, eu sentia só o calor da mão dele, não o toque, a força. Eu havia perdido o movimento do braço direito....
Clichê, mas foi assim, meu mundo caiu ...


Nenhum comentário:

Postar um comentário