segunda-feira, 16 de julho de 2012

Biópsia - round 2.

27/12/2011 - De volta ao hospital, dessa vez eu não poderia me dar o capricho de ter ataques de fobia ou crises de medo. Dá ou desce.
Interna, entra de jejum... a mesma ladainha. Horas mais tarde vem o maqueiro me buscar. Mas dessa vez não era uma cadeira de rodas, mas sim uma cama digna de sala de cirurgia.
Pegamos o elevador, subsolo. Quem conhece o hospital da luz do Ana Rosa sabe que debaixo da rua existe um túnel que dá acesso aos dois prédios do hospital. Eu já tinha passado por ali horas mais cedo, mas cá entre nos, não me pareceu tão assustador como quando passei por ali de maca. Ali sim dava a impressão de que eu ia pro abate, me senti a caminho de uma sessão cobaia.
Já no andar do centro cirúrgico, meu coração disparou. Apesar de ser um procedimento simples, nunca tinha passado nada parecido. Minha última visita a uma sala de cirurgia aconteceu a mais de 19 anos, e minha mãe estava junto! Babaca.
Entrei pelo corredor de acesso restrito. Deixar meus pais foi horrível, ao mesmo tempo que a firmeza com que segurou minha mão e a ternura de um beijo na testa me fez forte o suficiente.
Meu momento House. Achei o máximo aquela aparelhada toda. Meu francês de avental verdinho estava checando as facas. Logo que me viu deu um sorriso sacana e fez piada, sabia que eu estava apavorada, talvez aquele foi o jeito que encontrou de me deixar mais tranquila. Funcionou.
Entra instrumentista, enfermeira... de calmo o CC não tinha nada! O mais legal disso tudo é a conversa da galera... Você viu a novela ? Seguido de... Bisturi, confere?
Minha anestesista era japonesa, muito engraçada! Viu minha unha feita e mandou um enfermeiro tirar meu esmalte... Não me lembro muito dele, só sei que fez piada se posando de gay.
- Anna, você não vai querer lembrar disso então ........
Dormi. Alias, morri. Não lembro de absolutamente nada.
Acordei já no quarto, me sentindo muito mal. Meu mundo parecia dar voltas, meu estomago estava horrível! No primeiro movimento senti os curativos presos na minha pele, vários deles. Ao movimentar minha mão direita senti uma bolsa de plastico, era o tal dreno.
Dreno é um tubo que fica inserido em uma determinada região para drenar gases e eventuais secreções. O meu estava bem ao lado da incisão! Foi feito um corte de mais ou menos 10 centímetros logo abaixo do meu seio esquerdo e rente a ele foi colocado o dreno. Aquela mangueira quase me matou. Por estar alojando próximo ao meu pulmão e ao tumor, qualquer movimento me feria a alma.
Dale remédio pra conter tanta dor. Anestesia só é maravilhosa na hora do vamos ver, depois causa uma ânsia sem tamanho. Calor e frio, tudo ao mesmo tempo. Minha pressão estava pior que montanha russa.
Primeira tentativa de levantar da cama foi frustada! Pressão caiu, estomago embrulhou, comecei a chorar. Pedia a minha mãe que fizesse aquela coisa ruim passar. Que desespero! Com muita calma e paciência conseguir dar os primeiros passos, claro que com ajuda. Fui ao banheiro e voltei.
Ganhei o dia.

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