quarta-feira, 25 de julho de 2012

A cirurgia.

08/02/2012 - A noite anterior tinha sido conturbada, mas ainda sim vencida pelo cansaço. Acordei por volta das quatro da manhã, precisava estar no hospital as cinco para fazer check-in. Mala na mão, vamos lá. Deixei meu cachorro, o Nick, com um aperto muito grande, não sabia quando ia voltar, quando ia poder brincar com ele de novo... Talvez naquele momento, por alguns segundos, pensei que se tudo desse errado eu talvez nunca mais o veria, besteira. Respirei fundo e entrei no carro.
O caminho até o hospital foi calado, o rádio ligado parecia não incomodar ninguém, fazia um frio típico das manhã daquela estação e tinha uma neblina deixando tudo mais a flor da pele. Não me lembro das coisas que estava pensando, acho que me concentrei em admirar a paisagem, os últimos momentos de tranquilidade absoluta. 
Chegando no hospital foi tudo muito rápido, mal entrei e já fui para o quarto de observação, sempre acompanhada de minha mãe é claro, meu porto seguro.  Fiz alguns exames e passei com diferentes médicos,  tudo para não haver falhas. O pré-cirúrgico foi um sucesso, eu estava pronta.
A equipe que ia me operar se atrasou um pouco, passado das sete, o horário que estava programada a cirurgia, comecei a sentir um frio na barriga. A qualquer momento eu teria que largar as mãos quentes e seguras da minha mãe e encarar a faca sozinha, confesso que não estava segura de estar realmente pronta pra isso... Alias, quem estaria pronto? 
Quase oito horas, chega o meu transporte,o maqueiro muito simpático pediu que eu me deitasse que a sala estava pronta a minha espera. É agora ou nunca. Vamos a guerra! 
O corredor até a ala do centro cirúrgico parecia interminável. Já na porta do CC o gentil maqueiro pediu que eu me despedisse dos meus pais que dali em diante era restrito. 
Ainda não estava chorando mas um beijo doce e conturbado de esperança me fez desaguar. Meu pai com toda sua fé me olhou nos olhos ... 
- Vá com Deus, vai dá tudo certo. Estamos aqui esperando por você. 
- Eu te amo filha. Disse minha mãe com o mais sincero sorriso. 
Perdi o controle, ver as postas se fechando diante dos meus pais me fez vulnerável. Não poderia fazer isso sem eles por perto ... 
Com os olhos fechado fiz minha oração, horei pelos anjos que estariam ao auxilio daquela equipe e mais uma vez pedi ao Médico dos médicos que estivesse ali a minha espera. Que fosse operada primeiro pela minha fé, onde a cura era certa, para depois sentir o peso da minha condição humana. 
Meu francês estava lindo como sempre, exibia um sorriso que me deu muita segurança. Vendo meu estado me pediu calma... 
- Confie em mim, vai ficar tudo bem.
Respirei fundo e tratei logo de observar tudo que pude antes de adormecer, mas como não estava me contendo em lagrimas pedi logo que me apagasse. 
Até daqui algumas horas... 

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